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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Os filósofos de Dilma e Serra pararam de filosofar

Vi o professor José Arthur Giannotti em um canal pago da Rede Globo. Perguntado sobre se o Brasil estava com sua democracia ameaçada, ele deu um pulo para afirmar que sim. Claro, Dilma estava para ganhar a eleição no primeiro turno e, então, para ele, do PSDB, não se tratava da vitória de um adversário e, sim, de uma inimiga da democracia.
Giannotti ensinou bem a professora Marilena Chauí. Pois, agora que Serra está na cola de Dilma nas pesquisas, Chauí, do PT, diz que a vitória de Serra não é só uma ameaça aos direitos sociais, mas uma ameaça à democracia.
Assim, se nos fiarmos nesses dois professores de filosofia aposentados da USP, qualquer dos nossos votos não será o que todo mundo pensa, ou seja, um exercício de democracia, mas a abertura para o começo do fim da democracia.
Penso que vale para esses dois professores veteranos a história do cachimbo e da boca torta. Eles viveram sob o Regime Militar (1964-1985) um bom período de suas vidas, talvez a época mais produtiva deles, então, se acostumaram a um Brasil que se parecia com outros países latinos, oscilantes quanto à democracia, sempre sujeitos a golpes militares. Isso entortou o raciocínio desses dois professores que, agora, só conseguem produzir um tipo de pensamento: vitória do outro é golpe ou começo de golpe.
Giannotti age como quem pensa que o PT de Lula não é um partido político que se sai bem na democracia, mas um grupelho de guerrilheiros, como os que, filiados a times revolucionários no estilo dos de Che Guevara, atuaram contra o Regime Militar nos anos sessenta e setenta. Assim visto, o PT estaria usando a democracia apenas como trampolim para o golpe. Marilena Chauí, por sua vez, fala como quem pensa que o PSDB não é o partido de liberais e liberais conservadores, mas um aglomerado de pessoas que estiveram servindo o Presidente Médici. Ambos,  Giannotti e Chauí, criam teorias e redefinem a democracia de modo quase idiossincrático para, assim, se darem o direito de não ver o que todos os outros brasileiros estão vendo, que estamos diante de políticos, de ambos os lados – do PT-PMDB e do PSDB-DEM, que adoram o jogo político democrático, pois já o experimentaram e, nele, tiveram os principais êxitos de suas vidas. Essas teorias desses professores são frutos não do que leram no campo da filosofia, mas de uma mentalidade que foi empobrecida, que só sabe ver a política brasileira como aquela do tempo do Regime Militar, exercida de ambos os lados por gente que não tinha êxito no jogo político. Isso faz Marilena Chauí e José Arthur Giannotti não conseguirem entender a política democrática vigente hoje.
No tempo do Regime Militar, Arena e MDB disputavam e ambos perdiam. A política era esvaziada pela situação criada pelo Golpe de 1964, e que se repunha a cada dia de uma forma diferente das adotadas pelas ditaduras tradicionais. O Congresso funcionava. Mas a oposição, o MDB, não tinha autorização para vencer a ARENA, e esta, por sua vez, não tinha autorização para colocar um civil de suas fileiras em postos muito altos, muito menos na Presidência, que não fosse alguém “fora” da política – um general, é claro.
Creio que esse ambiente contaminou o pensamento de Chauí e Giannotti. Eles olharam tanto para esse modelo que, agora, quatro décadas depois disso ter chegado ao fim (1985), eles ainda pensam a política naquele registro de juventude. Não percebem que os políticos de hoje se alternam quanto a posições menos ou mais conservadoras, mas nenhum deles advogaria o fim do regime democrático. E isso tais políticos levam adiante não por outra coisa que não o fato de que a democracia lhes é a condição mais vantajosa para obterem êxito. Ela, a nossa democracia, lhes dá tudo que eles querem – todos eles são vencedores nesse regime, o atual, o regime democrático em que vivemos. Eles diferem de modo mais radical quanto ao papel da política social ou, mesmo, da política econômica tendo em mira a política social. Mas eles não diferem quanto ao apreço pela democracia, pois eles todos são vencedores na democracia.
Ao não conseguirem entender isso, Chauí e Giannotti passam a demonizar os adversários de suas agremiações do coração e, ao mesmo tempo, endeusar os líderes que eles apóiam. Perdem completamente a observação crítica. Hoje, qualquer jovem, mesmo que tenha posição política bem nítida e apaixonada, se é inteligente, é mais crítico que esses dois professores. É triste isso, pois, afinal, até pouco tempo atrás esses dois professores eram tomados por muitos de nós como filósofos capazes de produzirem narrativas sobre o Brasil que poderiam nos fazer ver melhor. Atualmente, eles reproduzem mera ideologia, até mais que os próprios candidatos que apóiam.

* PAULO GHIRALDELLI JR., filósofo, escritor e professor da UFRRJ. Publicado emhttp://ghiraldelli.pro.br/2010/10/17/os-filosofos-de-dilma-e-serra-pararam-de-filosofar/

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